domingo, 12 de outubro de 2008

Maldade...



Queria saber ser mau, odiar sem limites e sem clemência.
Apetecia-me usar uma faca aguçada e penetrar o peito dos inclementes que engendram crueldades e roubam a paz aos inocentes, aos puros.
Também eu já perdi a inocência.
Deixei a pureza algures numa tempestade em que me perdi um dia, distraído e confuso.

Agora, depois de provar o veneno,
Ergo a taça e brindo ao cinismo
Sou impostor, enceno,
Ofereço-te o abismo.

Mas, mesmo assim, resta-me um fragmento de lucidez.
Apesar de querer magoar, ferir, ainda possuo fome de abraços.
Por isso permaneço de olhos fixos no horizonte, onde o infinito se funde com o essencial.

António Dias da Silva in "Ant Mitos urbanos... Ou assim..."

1 comentário:

bettips disse...

"Mitos humanos"...talvez, em vez de urbanos! A maldade, hidra de mil cabeças...