terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Benjamin Button



Um dia antes dos Óscares, fui ver o filme. Fiquei com a certeza de que não ganharia. Não porque seja um mau filme, é apenas um filme diferente demais para ser escolhido pela Academia. O ritmo do filme é o de quem conta uma história sem se apressar, parando nos pormenores, nas pequenas coisas que parecem não importar e fazem toda a diferença. A "filosofia" subjacente é de aceitação do que a vida traz e da vontade de a viver como se fosse sempre possível começar de novo. Está tudo nestas duas frases, uma do capitão Mike e outra do prório Benjamin:

" You can be as mad as a mad dog at the way things went. You could swear, curse the fates, but when it comes to the end, you have to let go."

"Along the way you bump into people who make a dent on your life. Some people get struck by lightning. Some are born to sit by a river. Some have an ear for music. Some are artists. Some swim the English Channel. Some know buttons. Some know Shakespeare. Some are mothers. And some people can dance."

Realizador: David Fincher
Intérpretes principais: Brad Pitt e Cate Blanchett

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Carnaval de Veneza



Maravilhoso. Misterioso. Uma outra visão do carnaval.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Janis Joplin - Cry baby (live)



Apenas porque sim.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

A nossa casa é um lugar ao vento



by Donnie Mackay


A nossa casa é um lugar ao vento, mas buscamos
o absoluto, a bárbara verdade duma onda sobre a praia.

Tudo nos pertence porque guardamos na memória
os restos do apego às coisas que tivemos, os gestos
de gratidão que vimos no coração dos dias violentos.

Esta época não é a nossa. Subverte os conceitos
do ânimo, os desígnios legítimos de plenitude.

Mas por isso ainda somos a centelha que arde devagar
na paisagem estreita de árvores estóicas, em momentos
de tempestade, na consciência das opções sublevadas.

Vieira Calado, in Transparências

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Arte e sensibilidade



1) Toda a arte se baseia na sensibilidade, e essencialmente na sensibilidade.
2) A sensibilidade é pessoal e intransmissível.
3) Para se transmitir a outrem o que sentimos, e é isso que na arte buscamos fazer, temos que decompor a sensação, rejeitando nela o que é puramente pessoal, aproveitando nela o que, sem deixar de ser individual, é todavia susceptível de generalidade, portanto, compreensível, não direi já pela inteligência, mas ao menos pela sensibilidade dos outros.
4) Este trabalho intelectual tem dois tempos: a) a intelectualização directa e instintiva da sensibilidade, pela qual ela se converte em transmissível (é isto que vulgarmente se chama "inspiração", quer dizer, o encontrar por instinto as frases e os ritmos que reduzam a sensação à frase intelectual (prim. versão: tirem da sensação o que não pode ser sensível aos outros e ao mesmo tempo, para compensar, reforçam o que lhes pode ser sensível); b) a reflexão crítica sobre essa intelectualização, que sujeita o produto artístico elaborado pela "inspiração" a um processo inteiramente objectivo — construção, ou ordem lógica, ou simplesmente conceito de escola ou corrente.
5) Não há arte intelectual, a não ser, é claro, a arte de raciocinar. Simplesmente, do trabalho de intelectualização, em cuja operação consiste a obra de arte como coisa, não só pensada, mas feita, resultam dois tipos de artista: a) o inspirado ou espontâneo, em quem o reflexo crítico é fraco ou nulo, o que não quer dizer nada quanto ao valor da obra; b) o reflexivo e crítico, que elabora, por necessidade orgânica, o já elaborado.
Dir-lhe-ei, e estou certo que concordará comigo, que nada há mais raro neste mundo que um artista espontâneo — isto é, um homem que intelectualiza a sua sensibilidade só o bastante para ela ser aceitável pela sensibilidade alheia; que não critica o que faz, que não submete o que faz a um conceito exterior de escola ou de moda, ou de "maneira", não de ser, mas de "dever ser".

Fernando Pessoa, in 'Carta a Miguel Torga, 1930'

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Cantos de uma paisagem antiga (VII)



by Adam Orzechowski

A passagem do Inverno

Existe esta espera
da natureza que chora
grossas lágrimas de saudade.
Existe este estilete de gelo
que nos penetra na alma.
Recolhe ao casulo, amor
ao doce refúgio que teço
construo, aqueço.
Revive no fogo que acendo
em mim.
Traz contigo o calor do desejo
no meu sono depõe um beijo terno
deixa o frio viver fora de portas.
Dá-me a mão na passagem deste Inverno.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Infinito Particular



Intérprete: Marisa Monte

Já tenho saudades desta senhora...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Revolutionary road




Lembram-se de American Beauty? Sam Mendes pega no mesmo tema subjacente, mudando a época, a idade dos protagonistas e, como consequência, algumas razões do seu óbvio mal-estar. Mas a claustrofobia é a mesma, tal como o vazio sem esperança (hopeless emptiness). Nem April nem Frank Wheeler se sentem bem na vida de casal suburbano. Estamos nos anos 50. Ela, dona de casa e mãe de dois filhos, ele, empregado na área de vendas de uma empresa. Quando ela tenta reatar os sonhos com que começaram a vida em comum, uma série de circunstâncias leva a que ele escolha o conhecido, o confortável, em desfavor da aventura. Daí até ao desfecho que se vai adivinhando é um passo. Um enorme passo na mente de April que é, claramente, quem pior se sente e tenta justificar a sua vontade de mudança projectando os seus sonhos no futuro do marido.
Kate Winslet e Leonardo di Caprio reencontram-se na tela, após Titanic. Se, no filme anterior, sempre me pareceu que a escolha de di Caprio tinha sido um erro de casting , dado que tinha o aspecto duma criancinha ao lado da jovem mas bem constituída Kate, já agora o casal me parece bastante equilibrado, conseguindo ambos interpretações de bom nível. O filme deixa, na mente de quem o vê e tem o hábito de se interrogar, uma funda inquietação e várias perguntas sobre as “armadilhas de segurança” em que nos prendemos, ao longo da vida.