domingo, 14 de janeiro de 2007

:é doce morrer no mar?




porque sou do deserto e ele me chama
(bem sei: prefiro à luz a vaga bruma)
escondo-me entre a onda e a espuma
e de quem não sabe ainda se me ama.
hesito entre partir na tarde ausente
do azul que tanto amo e se desfaz
(negrume de organdi que a noite traz)
:persisto nesta busca improcedente?
pois tu - tu não virás - bem sei agora
(fantasmas te povoam peito e mãos)
e em sendo vã a espera o que esperar?
escuso-me ao crepúsculo e à aurora.

depois por ser deserto abraço o mar
que sei me há-de acolher em seus desvãos.


Márcia Maia, in Em queda livre