quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Mas que sei eu




Mas que sei eu das folhas no outono
ao vento vorazmente arremessadas
quando eu passo pelas madrugadas
tal como passaria qualquer dono?
Eu sei que é vão o vento e lento o sono
e acabam coisas mal principiadas
no ínvio precipício das geadas
que pressinto no meu fundo abandono
Nenhum súbito lamenta
a dor de assim passar que me atormenta
e me ergue no ar como outra folha
qualquer. Mas eu sei que sei destas manhãs?
As coisas vêm vão e são tão vãs
como este olhar que ignoro que me olha

Ruy Belo

3 comentários:

Conceição Paulino disse...

a poesia numa das mais belas escritas contmporâneas. Ruy Belo. Obrigada por este desfolhar Outono em nós na imparável procura.
Bom f.s.
Bjs
Luz e paz contigo

Conceição Paulino disse...

Gralha: contemporâneas

Conceição Paulino disse...

Gralha: contemporâneas