quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Era uma vez




“Era uma vez um rapaz texano que gostava de se meter nos copos. Em certa ocasião, conduzindo bêbado como um cacho, perdeu o controlo do seu automóvel e destruiu os caixotes de lixo da casa paterna. O pai repreendeu-o duramente, a mãe, Barbara, reconheceu que o rapaz tinha sérios problemas com o álcool e, para o ajudar a corrigir o rumo, confiaram em Deus, que é americano, e nuns milhões de dólares que o garoto perdeu estrepitosamente em péssimos negócios petrolíferos. Demonstrou que era incapaz de administrar a sua própria casa e voltou com fúria ao caminho do álcool. Bourbon, cerveja, vinho californiano, tequilla, desciam pela garganta do jovem texano até que um dia o esperado milagre se apresentou diante dele. Chamava-se Billy Graham, o maior show-man religioso da União. «Aleluia! Louvado seja Ele» gritava o jovem texano nos estádios repletos de outros alcoólicos e alienados como ele. E Deus ajudou-o, agora é Presidente dos Estados Unidos da América e um intelectual requintado, como nos recorda o seu discurso pronunciado na universidade da elite da costa Este a poucos meses de assumir o cargo: «Não tinha qualquer ideia do que devia fazer quando cheguei. Conhecia alguns que tinham um plano, mas muito em breve ficou demonstrado que nos esperavam todas as possíveis vitórias e todas as derrotas, que geralmente nos causam grandes surpresas.»Este intelectual é hoje o homem mais poderoso do mundo e os que se curvam à sua passagem querem evidentemente ser como ele.”



Luís Sepúlveda, in Uma história suja


Vamos dizer-lhe adeus. De uma vez por todas.

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