domingo, 18 de janeiro de 2009

As quatro ignorâncias do amante



Quatro ignorâncias podem concorrer em um amante, que diminuam muito a perfeição e merecimento de seu amor. Ou porque não se conhecesse a si: ou porque não conhecesse a quem amava: ou porque não conhecesse o amor: ou porque não conhecesse o fim onde há-de parar, amando. Se não se conhecesse a si, talvez empregaria o seu pensamento onde o não havia de pôr, se se conhecera. Se não conhecesse a quem amava, talvez quereria com grandes finezas a quem havia de aborrecer, se o não ignorara. Se não conhecesse o amor, talvez se empenharia cegamente no que não havia de empreender, se o soubera. Se não conhecesse o fim em que havia de parar, amando, talvez chegaria a padecer os danos a que não havia de chegar se os previra.

Padre António Vieira, in "Sermões"

1 comentário:

Isabel José António disse...

Querida Amiga Vida de Vidro,

Este texto trata muito bem dum tema intemporal: O SABER ou A SABEDORIA.

Mas não dum saber ou sabedoria qualquer. Trata-se do SABER mais importante que o Ser Humano poderá adquirir: O AUTO-CONHECIMENTO e o Conhecimento da ESSÊNCIA.

Conhecer, em si, quer dizer saber a essência de algo.

Para conecer a nossa essência e a dos outros, há que saber como somos constituídos, porque estamos aqui e o que fazemos, e para onde vamos.

Basta uma pequena diferença de ponto de vista para tudo mudar. Exemplo: SOMOS UM CORPO COM ALMA ou SOMOS UMA ALMA NUM CORPO?

Parece assim uma coisa como discutir o sexo dos anjos, mas tal não acontece. Ambas as afirmações não completamente divergentes e daí resultam todas as circunstâncias divergentes e que dão origem a todas as guerras, conflitos e desentendimentos a que assistimos.

Se quiser continuar a aprofundar este e outros temas, diga, por favor, pois faremos essas trocas de opiniões por email, pois aqui nos blogues é complicado grandes aprofundamentos.

Muitos parabéns pelo texto e um abraço

José António