Aimée Mann
Album: Magnolia - soundtrack
Canção: Save me
Site oficial: Aimée Mann
Album: Magnolia - soundtrack
Canção: Save me
Site oficial: Aimée Mann
Publicado por vida de vidro às 07:25
Categoria: O que vou ouvindo
A claustrofobia da vida em comum. A claustrofobia da vida. Ponto.
Duas interpretações excepcionais.
Publicado por vida de vidro às 06:52
Categoria: O que as câmaras vêem, Recordações
A vida não está por ordem alfabética como há quem julgue. Surge... ora aqui, ora ali, como muito bem entende, são migalhas, o problema depois é juntá-las, é esse montinho de areia, e este grão que grão sustém? Por vezes, aquele que está mesmo no cimo e parece sustentado por todo o montinho, é precisamente esse que mantém unidos todos os outros, porque esse montinho não obedece às leis da física, retira o grão que aparentemente não sustentava nada e esboroa-se tudo, a areia desliza, espalma-se e resta-te apenas traçar uns rabiscos com o dedo, contradanças, caminhos que não levam a lado nenhum, e continuas à nora, insistes no vaivém, que é feito daquele abençoado grão que mantinha tudo ligado... até que um dia o dedo resolve parar, farto de tanta garatuja, deixaste na areia um traçado estranho, um desenho sem jeito nem lógica, e começas a desconfiar que o sentido de tudo aquilo eram as garatujas.
Publicado por vida de vidro às 06:33
Categoria: Reflectindo
Paul Potts é vendedor de telemóveis. Sem confiança em si próprio. Sem facilidade de comunicação.
Esta é a sua primeira audição no concurso Britain's Got Talent que veio a ganhar. A mais comovente interpretação de Nessun Dorma que já ouvi.
Publicado por vida de vidro às 06:37
Categoria: O que eu vejo, Tanta poesia...
Sem que isso tenha grande importância
Hoje já só queria um abraço
Um doce, terno e sentido abraço
Que me deixasse esquecer o cansaço
(...)
Outubro 2004
Publicado por vida de vidro às 07:11
Categoria: O que eu vejo
queria amar-te
num recanto
num largo em campo aberto
num local de palavras escondidas
num mar onde se engasgassem os silêncios
amar-te sem dizeres nem segredos
amar-te sem rubores
corpo a corpo
línguas e braços
e os sexos e os sucos
amar-te sem segredos nem dizeres
prender-te num enlace forte
perder-me em cada músculo, cada prega
cada poro, cada pelo, cada membro
sugado no prazer dos nossos corpos
amar-te sem mais que cada um se sendo
animal e gente
********************************
dormiste naquele sábado
fora domingo e dormirias
mais
sábado ao meio dia
tu dormias
sorrindo
sorriso lindo
dormias e sonhavas
sorrindo
dormiste e era sábado
fora domingo e mais dormias
sábado se passou e foi domingo
e tu dormindo
dormindo
sem mais sorrir
sem mais sonhar
depois do sábado que deu em ser domingo
sei lá
Publicado por vida de vidro às 06:58
Categoria: Encontros na net..., O que eu vejo
Eis aqui, quase cume da cabeça
De Europa toda, o Reino Lusitano,
Onde a terra se acaba e o mar começa
E onde Febo repousa no Oceano.
Luís de Camões, Lusíadas, canto III
Publicado por vida de vidro às 07:20
Categoria: O que eu vejo
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
Eugénio de Andrade
Publicado por vida de vidro às 23:37
Categoria: O que eu vejo, Tanta poesia...
Publicado por vida de vidro às 06:02
Categoria: Encontros na net..., O que eu vejo
Intérprete - Mercedes Sosa
Porque às vezes é preciso dizê-lo para acreditar.
Publicado por vida de vidro às 07:25
Categoria: Recordações
Esses eus de que somos feitos, sobrepostos como pratos empilhados nas mãos de um empregado de mesa, têm outros vínculos, outras simpatias, pequenas constituições e direitos próprios - chamem-lhes o que quiserem (e muitas destas coisas nem sequer têm nome) - de modo que um deles só comparece se chover, outro só numa sala de cortinados verdes, outro se Mrs. Jones não estiver presente, outro ainda se se lhe prometer um copo de vinho - e assim por diante; pois cada indivíduo poderá multiplicar, a partir da sua experiência pessoal, os diversos compromissos que os seus diversos eus estabelecerem consigo - e alguns são demasiado absurdos e ridículos para figurarem numa obra impressa.
Publicado por vida de vidro às 06:29
Categoria: Reflectindo
Autor: A. Dvorak
Solista: Yo-Yo Ma
Orquestra Sinfónica de Boston
Publicado por vida de vidro às 07:18
Categoria: O que vou ouvindo
Meu poema não visita a antologia
Dos momentos que a chuva salpicou
Nem se curva ao tip-top na janela
Onde sem mais querer
A chuva semissente se instalou, —
Ele se esgueira, calmo e contemplado,
Até a intimidade sem recursos da gota mais minúscula
Ildásio Tavares, excerto de "Meu poema de chuva"
Publicado por vida de vidro às 07:16
Categoria: O que eu vejo, Tanta poesia...
Violento? Pois é. Uma história louca cheia de efeitos especiais? Pois é. Mas eu gosto de Jack Sparrow (na verdade, gosto das loucas personagens que Johnny Depp escolhe). E dos outros. Por isso não perco um. Este já está. Venha o próximo que sempre quero ver que mais vão eles inventar...
Publicado por vida de vidro às 06:39
Categoria: O que as câmaras vêem
Foto by Robert J. Benson
borboleta é um ser irrequieto.
para vestes usa pólen.
tem um cheiro colorido
e babas de amizade.
descola por ventos
e facilmente aterriza em sonhos.
borboleta tem correspondência directa
com a palavra alma.
para existir usa liberdades.
desconhece o som da tristeza
embora saiba afogá-la.
usa com afinidades
o palco da natureza.
nega maquilhagens isentas
de materiais cósmicos. como digo:
pó-de-lua, lápis solar
castanho-raiz, cinzento-nuvem.
borboleta dispõe de intimidades
com arcos íris
a ponto de cócegas mútuas.
para beijar amigos e vidas ela usa olhos.
borboleta é um ser
de misteriosos nadas.
Ondjaki, in "Há prendisagens com o xão"
Publicado por vida de vidro às 06:48
Categoria: E existem os livros..., Tanta poesia...
Foto by Ewa Brzozowska
Respiro o teu corpo:
sabe a lua-de-água
ao amanhecer,
sabe a cal molhada,
sabe a luz mordida,
sabe a brisa nua,
ao sangue dos rios,
sabe a rosa louca,
ao cair da noite
sabe a pedra amarga,
sabe à minha boca.
Eugénio de Andrade
Publicado por vida de vidro às 07:30
Categoria: Olhares de fascínio, Tanta poesia...
O meu filme de sempre.
Publicado por vida de vidro às 07:08
Categoria: Ídolos (meus), Recordações
Foto by Robert Panas, ruinsOfOldChurches / scene 8
As máquinas fotográficas pinhole ou pin-hole não têm lente, a imagem passa directamente por um pequeno orifício para a película. Estas máquinas podem ser construídas com materiais tão diversos como caixas de sapatos ou embalagens de cereais.
Publicado por vida de vidro às 07:51
Categoria: Olhares de fascínio
Mãos
Digo
"as minhas mãos são água"
qundo imersas
no secular fluir deste riacho
(temerosa timidez
que se diverte,
faz bailar seixos
e os barcos de papel).
Digo
"as minhas mãos são água",
quando à noite,
fascinadas, reflectem as estrelas,
do solene dossel desce o silêncio,
e procuram, também elas, luz no mar.
Digo
"as minhas mãos são água"
pois são geladas
e nada mais encontraram
que agarrar.
Manuel Filipe, in Tempo de cinza, ed. Apenas Livros, Maio 2007
Um encontro na net e na vida real. Fico muito grata por estar incluída no grupo de amigos a quem este livro foi oferecido.
Publicado por vida de vidro às 07:37
Categoria: E existem os livros..., Encontros na net...
A primeira diligência do espírito é a de distinguir o que é verdadeiro do que é falso. No entanto, logo que o pensamento reflecte sobre si próprio, o que primeiro descobre é uma contradição. Seria ocioso procurar, neste ponto, ser-se convincente. Ninguém, há séculos, deu uma demonstração mais clara e mais elegante do caso do que Aristóteles: "A consequência, muitas vezes ridicularizada, dessas opiniões é que elas se destroem a si próprias".
Porque, se afirmarmos que tudo é verdadeiro afirmamos a verdade da afirmação oposta, e, em consequência, a falsidade da nossa própria tese (porque a afirmação oposta não admite que ela possa ser verdadeira). E, se dissermos que tudo é falso, essa afirmação também é falsa. Se declararmos que só é falsa a afirmação oposta à nossa, ou então que só a nossa e que não é falsa, somos, todavia, obrigados a admitir um número infinito de juízos verdadeiros ou falsos.
Porque aquele que anuncia uma afirmação verdadeira, pronuncia ao mesmo tempo o juízo de que ela é verdadeira, e assim sucessivamente, até ao infinito.
Publicado por vida de vidro às 08:00
Categoria: Reflectindo
Foto by Pascal Renoux, Nu à la fenêtre 5
Para lá do corpo...
Publicado por vida de vidro às 06:41
Categoria: Olhares de fascínio
Vilhelm Hammershoi, Óleo sobre tela
estas mãos que escrevem
os cristais da tua boca
são apenas sangue quente
a jorrar do meu corpo no
teu.e nenhuma foz é mar
suficiente para acolher
o suicídio das palavras.
de manhã. vou dizer bom
dia ao teu nome. escuta.
ainda antes da primeira
luz... nenhuma poeira na
clarabóia. o céu põe-se
numa taça de areia. vês
ao fundo todos os peixes?
sabes. os búzios falam de
ti. contam uns aos outros
todos os segredos que lêem
no imo das conchas. eu vou
no meio das algas enlaçar-
te os pés. tu tropeças. se
eu te pedir. uma só noite
branca. que dirás de mim?
Alice M. de Campos, in Antologia Poética Amante das Leituras, edium editores
Publicado por vida de vidro às 07:27
Categoria: E existem os livros..., Encontros na net...
ficheiro retirado
Álbum: American Doll Posse
Canção: Digital Ghost
Site oficial: Tori Amos
Publicado por vida de vidro às 06:22
Categoria: O que vou ouvindo
Foi sempre tão incerto o caminho até ti:
tantos meses de pedras e de espinhos, de
maus presságios, de ramos que rasgavam a
carne como forquilhas, de vozes que me
diziam que não valia a pena continuar, que
o teu olhar era já uma mentira; e o meu
coração sempre tão surdo para tudo isso,
sempre a gritar outra coisa mais alto para
que as pernas não pudessem recordar as
suas feridas, para que os pés ignorassem
as penas da viagem e avançassem todos
os dias mais um pouco, esse pouco que
era tudo para te alcançar. Foi por isso que,
ao contrário de ti, não quis dormir nessa
noite: os teus beijos ainda estavam todos
na minha boca e o desenho das tuas mãos
na minha pele. Eu sabia que adormecer
era deixar de sentir, e não queria perder os
teus gestos no meu corpo um segundo que
fosse. Então sentei-me na cama a ver-te
dormir, e sorri como nunca sorrira antes
dessa noite, sorri tanto. Mas tu falaste de
repente do meio do teu sono, estendeste o
braço na minha direcção e chamaste baixinho.
Chamaste duas vezes. Ou três. E sempre tão
baixinho. Mas nenhuma foi pelo meu nome.
Maria do Rosário Pedreira
Publicado por vida de vidro às 06:56
Categoria: O que eu vejo, Tanta poesia...
Do realizador esperava mais. David Fincher deu-nos Seven e Sala de Pânico, o que diz alguma coisa sobre a sua qualidade em thrillers. Este não é um thriller. É um filme longo e bastante “documental”. E embora nos agarre pela obsessão que as personagens sentem pelo caso, deixa-nos com a mesma frustração com que os investigadores devem ter ficado. Nunca se soube exactamente quem era o Zodiac (apesar da forte tese defendida), nunca foi julgado, nunca se souberam as suas razões para matar de uma forma quase aleatória. Toda a investigação é, praticamente, um beco sem saída.
Um filme que, para quem gosta do género, pode bem ser visto em casa, no conforto do sofá. Sem demasiadas expectativas.
Publicado por vida de vidro às 09:15
Categoria: O que as câmaras vêem
Tarde última e serena,
breve como uma vida,
fim de tudo o que amei;
eu quero ser eterno!
- Atravessando folhas.
o sol, já cobre, vem
ferir-me o coração.
Eu quero ser eterno!
Ó beleza que vi,
não te apagues jamais!
Pra que sejas eterna,
eu quero ser eterno!
Juan Jamón Jimenez, Antologia Poética, ed. Relógio d'água
Publicado por vida de vidro às 09:00
Categoria: E existem os livros...