domingo, 12 de agosto de 2007

Género e Cidadania nas Imagens de História



Podemos pois afirmar que as representações estereotipadas do que é ser mulher e ser homem estão presentes (…). Consideramos que há uma associação implícita das figuras masculinas a papéis activos que se concretizam na esfera pública, através das intervenções político-militar e financeira, ligadas à tomada de decisão (…). A presença das figuras masculinas em todas as esferas traduz-se no exercício de uma diversidade de papéis, a qual pressupõe uma igual diversidade de capacidades e competências. (…) Em contrapartida, a sistemática subrepresentação das mulheres, cuja visibilidade se associa quase sempre a elementos masculinos, sugere a sua dependência bem como a ausência de autonomia como indivíduo. (…)
Nos materiais que analisámos, os rapazes podem identificar-se facilmente com o tipo de protagonismo histórico, colectivo e individual, apresentado pelas imagens, podendo aderir aos modelos de pessoa a que correspondem as personalidades históricas, pois situam-se sempre no seu grupo de pertença sexual. (…) O mesmo não se pode dizer das raparigas, face a uma história androcêntrica que secundariza as mulheres ou as silencia. Em vez do reforço da identidade enquanto colectivo feminino, as raparigas confrontam-se com modelos masculinos que actuam em áreas que não lhes estão associadas, de acordo com determinadas concepções do que é ser mulher. As raparigas são levadas a tomar como referência os modelos masculinos, bem como as suas características e atributos. (…) Esta hipótese parece ser corroborada pelas alterações do modo de vida das mulheres e dos homens. A presença das mulheres em esferas tradicionalmente entendidas como masculinas não tem sido acompanhada pela correspondente presença dos homens nas áreas consideradas mais apropriadas às mulheres.




Maria Teresa Alvarez Nunes, in "Género e Cidadania nas Imagens de História", Estudos de Manuais Escolares e Software Educativo, ed. CIG, Lisboa 2007