quinta-feira, 31 de maio de 2007

Marlon Brando

Um dos grandes. Um dos meus preferidos.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

O céu dos poetas




Do que eles juram que não viram

Olham para o céu esses poetas, poetas, poetas
Como se fossem lunetas, lunetas, lunáticas
Lançadas ao espaço e o mundo inteiro
Inteiro, inteiro, fossem vendo p'ra
Depois voltar
P'ro rio de janeiro


Maurício Neves Corrêa

terça-feira, 29 de maio de 2007

A Chave do Desejo



Todos os desejos são contraditórios como o do alimento. Gostaria que aquele que amo me amasse. Mas se ele me for totalmente dedicado, deixa de existir, e eu deixo de o amar. E enquanto não me for totalmente dedicado, não me amará o suficiente. Fome e saciedade.
O desejo é mau e ilusório, mas, no entanto, sem o desejo não esquadrinharíamos o verdadeiro absoluto, o verdadeiro ilimitado. É preciso ter passado por isto. Infelizes os seres a quem o cansaço subtrai esta energia suplementar que é a fonte do desejo.
Infeliz, também, aquele a quem o desejo cega.
É preciso arrastar o desejo até ao eixo dos pólos.




Simone Weil, in 'A Gravidade e a Graça'

segunda-feira, 28 de maio de 2007

West Side Story-Tonight (Ensemble)

Inigualável. Inesquecível.

domingo, 27 de maio de 2007

Biografia




Tive amigos que morriam, amigos que partiam
Outros quebravam o seu rosto contra o tempo.
Odiei o que era fácil
Procurei-te na luz, no mar, no vento.


Sophia de Mello Breyner

sábado, 26 de maio de 2007

Gente a preto e branco




Gente comum. Entre a luz do branco e as trevas do negro. Desdobrando-se em cinzentos.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Retrato ou talvez não...




Foto by Sandra Muequin, Porcelain


Um olhar diferente sobre o retrato. Ou de como compôr uma imagem original.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Astor Piazzolla

Som: Adios Nonino

quarta-feira, 23 de maio de 2007

A esperança




A esperança é filha do desejo, mas não é o desejo. Constitui uma aptidão mental, que nos fez crer na realização de um desejo. Podemos desejar uma coisa sem que a esperemos. Toda gente deseja a fortuna, muito poucos a esperam. Os sábios desejam descobrir a causa primitiva dos fenómenos; eles não têm nenhuma esperança de consegui-lo. O desejo aproxima-se algumas vezes da esperança, a ponto de confundir-se com ela. Na roleta, eu desejo e espero ganhar.
A esperança é uma forma de prazer em expectativa que, na sua atual fase de espera, constitui uma satisfação frequentemente maior do que o contentamento produzido pela sua realização. A razão é evidente. O prazer realizado limita-se em quantidade e em duração, ao passo que nada limita a grandeza do sonho criado pela esperança. A força e o encanto da esperança consistem em conter todas as possibilidades de prazer. Ela constitui uma espécie de vara mágica que transforma tudo. Os reformadores nunca fizeram mais do que substituir uma esperança por outra.




Gustave Le Bon, in 'As Opiniões e as Crenças'

terça-feira, 22 de maio de 2007

Moody atmospheres



Foto by Laurent Orseau, Dirty three


"I'm a photographer fascinated by the b&w universes, the moody atmospheres, the silly subjects... and square images!"

Laurent Orseau

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Bendito seja o mesmo sol de outras terras




Bendito seja o mesmo sol de outras terras
Que faz meus irmãos todos os homens
Porque todos os homens, um momento no dia, o olham
[como eu,
E nesse puro momento
Todo limpo e sensível
Regressam lacrimosamente
E com um suspiro que mal sentem
Ao homem verdadeiro e primitivo
Que via o Sol nascer e ainda o não adorava.
Porque isso é natural - mais natural
Que adorar o ouro e Deus
E a arte e a moral...

Alberto Caeiro, O guardador de rebanhos, Poema XXXVIII

domingo, 20 de maio de 2007

Flores selvagens




Humildes. Vivendo só da natureza ao redor. Porque a vida precisa de cor.

sábado, 19 de maio de 2007

Henri Cartier-Bresson



Foto by Cartier-Bresson, Retrato de Matisse


O mestre. Sem mais palavras.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Bebo Valdes e Diego el Cigala

Som: Lágrimas negras

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Movimento perpétuo



Foto e título de S.

“O importante é isto "das redes de afectos"(…) e tu a chamares-me poeta! Eu que chumbei a português por causa dos Lusíadas!!!! Eu que não conheço NENHUM poeta! Eu que não leio poemas!”

Sérgio



Tu tinhas na alma todos os livros de poesia do mundo. Obrigada por este (breve, tão breve) encontro.

terça-feira, 15 de maio de 2007

La mer




ficheiro retirado


(...)
La mer
Au ciel d'été confond
Ses blancs moutons
Avec les anges si purs
La mer bergère d'azur
Infinie

(...)

Et d'une chanson d'amour
La mer
A bercé mon cœur pour la vie


Charles Trenet, excerto de La mer

[Para ti, amigo. Que o mar e o céu te embalem, sempre.]

Passos furtivos na escada




Passos furtivos na escada
Da minha imaginação.
Sabendo-os frutos de nada
São reais como os que o são.

Basta que os oiça e provocam
A minha insónia de assalto.
Se fujo, seguem-me, voam...
Se grito, gritam mais alto.

Por favor, bom senso - Não!
E resposta que eu não posso.
De que me serve a razão
Se não existe o que eu ouço?

Reinaldo Ferreira

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Gene Kelly

Singing in the rain. Quem não viu e reviu?

domingo, 13 de maio de 2007

A ambição superada




Certo dia uma rica senhora viu, num antiquário, uma cadeira que era uma beleza. Negra, feita de mogno e cedro, custava uma fortuna. Era, porém, tão bela, que a mulher não titubeou - entrou, pagou, levou para casa.
A cadeira era tão bonita que os outros móveis, antes tão lindos, começaram a parecer insuportáveis à simpática senhora. (Era simpática).
Ela então resolveu vender todos os móveis e comprar outros que pudessem se equiparar à maravilhosa cadeira. E vendeu-os e comprou outros.
Mas, então a casa que antes parecia tão bonita, ficou tão bem mobilada que se estabeleceu uma desarmonia flagrante entre casa e móveis. E a senhora começou a achar a casa horrível.
E vendeu a casa e comprou uma outra maravilhosa.
Mas dentro daquela casa magnífica, mobilada de maneira esplendorosa, a mulher começou, pouco a pouco, a achar seu marido mesquinho. E trocou de marido.
Mas mesmo assim não conseguia ser feliz. Pois naquela casa magnífica, com aqueles móveis admiráveis e aquele marido fabuloso, todo mundo começou a achá-la extremamente vulgar.



Millôr Fernandes, in 'Pif-Paf'

sábado, 12 de maio de 2007

Terror de te amar




Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo

Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.


Sophia de Mello Breyner Andresen

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Há-de flutuar uma cidade no crepúsculo da vida

ficheiro retirado

Dito por: Al Berto
Violoncelo: Francisco Ribeiro



há-de flutuar uma cidade no crepúsculo da vida
pensava eu… como seriam felizes as mulheres
à beira-mar debruçadas para a luz caiada
remendando o pano das velas espiando o mar
e a longitude do amor embarcado

por vezes
uma gaivota pousava nas águas
outras era o sol que cegava
e um dardo de sangue alastrava pelo linho da noite
os dias lentíssimos… sem ninguém

e nunca me disseram o nome daquele oceano
esperei sentada à porta… dantes escrevia cartas
punha-me a olhar a risca do mar ao fundo da rua
assim envelheci… acreditando que algum homem ao passar
se espantasse com a minha solidão

(anos mais tarde, recordo agora, cresceu-me uma pérola no
coração, mas estou só, muito só, não tenho a quem a deixar)

um dia houve
que nunca mais avistei cidades crepusculares
e os barcos deixaram de fazer escala à minha porta
inclino-me de novo para o pano deste século
recomeço a bordar ou a dormir
tanto faz
sempre tive dúvidas de que alguma vez me visite a felicidade

Al Berto
O medo; Salsugem, 9; 1982

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Petite fleur




J'ai caché
Mieux que partout ailleurs
Au grand jardin de mon coeur
Une petite fleur
Cette fleur
Plus jolie qu'un bouquet
Elle garde en secret
Tous mes rêves d'enfant
L'amour de mes parents
Et tous ces clairs matins
Fait d'heureux souvenirs lointains


Petite fleur Sidney Bechet, Fernand Bonifay e Mario Bua

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Um mundo diferente




Foto by Bob Tiny


Estranhas perspectivas do mundo, numa predominância de preto e branco.

terça-feira, 8 de maio de 2007

A luta pela recordação




Os meus pensamentos foram-se afastando de mim, mas, chegado a um caminho acolhedor, repilo os tumultuosos pesares e detenho-me, de olhos fechados, enervado num aroma de afastamento que eu próprio fui conservando, na minha pequena luta contra a vida. Só vivi ontem. Ele tem agora essa nudez à espera do que deseja, selo provisório que nos vai envelhecendo sem amor.
Ontem é uma árvore de longas ramagens, e estou estendido à sua sombra, recordando.
De súbito, contemplo, surpreendido, longas caravanas de caminhantes que, chegados como eu a este caminho, com os olhos adormecidos na recordação, entoam canções e recordam. E algo me diz que mudaram para se deter, que falaram para se calar, que abriram os olhos atónitos ante a festa das estrelas para os fechar e recordar...
Estendido neste novo caminho, com os olhos ávidos florescidos de afastamento, procuro em vão interceptar o rio do tempo que tremula sobre as minhas atitudes. Mas a água que consigo recolher fica aprisionada nos tanques ocultos do meu coração em que amanhã terão de se submergir as minhas velhas mãos solitárias...




Pablo Neruda, in 'Nasci para Nascer'

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Jacques Brel

Canção: Ne me quitte pas

domingo, 6 de maio de 2007

Mãe



Obrigada. Hoje e sempre.

sábado, 5 de maio de 2007

Litania para uma casa




Uma casa morreu
quem pode usá-la agora?
Alguma coisa nossa
ficou nela e nós fora

De madrugada, cega,
perdeu-se junto à costa
não quero vê-la mesmo
que vê-la ainda possa

Existe mas morreu
ancorou numa rocha
o vento que a fechou
fechou-nos a nós fora

Não quero vê-la nem
que vê-la ainda possa
dentro dela ficou
alguma coisa nossa


Gastão Cruz

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Ella Fitzgerald

Som: Misty

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Pequenas obscenidades




Pensava sempre nele nessa hora. A hora em que, casquinha de sorvete à mão, lambia lenta e delicadamente as bolas. Deliciando-se em dobro. A relembrar outros jogos de língua. Em tardes distantes. E por vir.



Márcia Maia

Foto by bewarecalamity

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Do nu no masculino




Foto by Paulo Madeira, Índio da Meia Praia

terça-feira, 1 de maio de 2007

O muro, o caos...




Contemplo o que não vejo.
É tarde, é quase escuro.
E quanto em mim desejo
Está parado ante o muro.


Fernando Pessoa